A mudança de postura do Prefeito Glêdson Bezerra em relação ao governo do estado e o grupo político do Ministro da Educação, Camilo Santana, vem provocando diversos debates em grupos de whatsapp, mesas de bar, filas de supermercado e etc. Todos incrédulos com a forma como o gestor municipal resolveu afrontar politicamente e institucionalmente.
“Eu nunca vi um prefeito fazer um negócio desses, como que compra briga com o governo do estado?”
Este sentimento de incredulidade revela algo muito mais sombrio, que infelizmente é uma característica inata do ser humano.
Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Somos ensinados desde crianças que não se afronta àquele hierarquicamente superior a você. Nelson Rodrigues definiu tal comportamento com o complexo do vira-lata, quando a pessoa não atinge o ápice de seu potencial pela crença de ser inferior aos demais.
E durante muitos anos, prefeitos de cidades menores foram e são tratados como um cachorro vira-lata. Em grande parte de seu mandato, Glêdson sempre manteve uma postura conciliadora em relação ao Abolição, mesmo pertencendo ao grupo de oposição. Chegou até mesmo a votar em Camilo para o Senado e em Fernando Santana para deputado estadual.
Fernando, que quebrou a promessa de apoio à reeleição de Glêdson e hoje é o principal nome do governo para a sucessão em Juazeiro.
Após a quebra do compromisso e vendo que não teria a bênção do grupo de Camilo, Glêdson tratou de capitalizar a seu favor a falta de apoio e para aqueles que apreciam a beleza do jogo político, é um lance mais cinematográfico que o outro.
Os capítulos mais recentes dessa epopéia devem-se à saída de Juazeiro do Norte do Consórcio de Saúde do Cariri e aos repasses represados do Hospital Maria Amélia.
Bastou o prefeito anunciar a saída do Consórcio (a qual possibilita que Juazeiro amplie sua própria rede de atendimento e supra a demanda da policlínica pela metade do valor na rede privada), que o governo escalou Giovanni Sampaio, atual vice-prefeito e diretor do Hospital Regional do Cariri para anunciar que talvez, com o fim da parceria, o Regional interrompesse os atendimentos que não são de sua competência, à população de Juazeiro.
O aviso, ainda que não tenha sido com esse intuito, soou como retaliação.
E para os leigos, pareceu mesmo que o governo estava disposto a prejudicar o povo de Juazeiro por mera birra política.
Assim como deu a entender que o Abolição represou repasses para a conclusão do Hospital Maria Amélia, por pura Vendetta (vingança). Hospital esse que o Município pagou uma dívida que era de responsabilidade do estado com recursos próprios e que será concluído com emenda parlamentar do Deputado Federal André Figueiredo (PDT).
Ao quebrar o tabu da subserviência, o prefeito demonstra muita coragem
Não estou aqui para julgar o mérito da estratégia do prefeito Glêdson, mas é indiscutível que ela ressoa.
Você, meu caro leitor, estaria disposto a votar no candidato do grupo político que está disposto a fazer a população sofrer com falta de recursos por mera briga política?
Sabemos exatamente para onde se movem os grupos políticos nesse pleito, mas temos que lembrar que em Juazeiro, muitas pessoas não dependem de prefeitura e de política. E são esses votos que farão a diferença no dia da votação.
Se a estratégia de Glêdson será vitoriosa no dia da eleição, só o tempo dirá. Por ora, apreciemos a beleza desse jogo político de altíssimo nível.